O primeiro semestre do mestrado coincide com a pandemia do novo coronavirus Eu tinha tudo encaminhado para um financiamento da minha graphic novel sobre uma banda de rock, que vinha encartada num vinil quádruplo de 7 polegadas, e uma série de artigos científicos sobre o tema. Miou geral quando o covid desgraçou a vida das pessoas e os prazos do meu planejamento.
Então, uma vez isolado em casa, avaliei as condições de mercado. Primeiro ponto: Quem tinha financiamento coletivo pra colocar em ação, cancelou em virtude da instabilidade financeira trazida pela pandemia. Segundo ponto: O segundo semestre é, tradicionalmente, mais concorrido dentro dessa área, devido à proximidade dos eventos, como Comic Con Exerience, em São Paulo, e a Bienal de Quadrinhos de Curitiba. Pra um autor estreante, ficou impossível financiar um projeto do porte da minha graphic novel com vinil quádruplo. Pra vocês terem uma ideia, vinis não são como livros, cuja tiragem quanto mais alta rende menor preço unitário. Vinil é feito um a um, é caro e o preço não muda.
Até aí, só choradeira, mas eu não podia me dar ao luxo de ficar parado, aguardando o corona vírus estilar da matança. Formulei, então, uma nova grahic novel – desenhada num formato mais enxuto, com uma limitação pequena de páginas e pensada desde o princípio para atender a uma demanda de questões acadêmicas. Surgiu o trabalho nomeado, pelo menos enquanto desenvolvido, de projeto “do zero ao mais ou menos.”
Seis capítulos. Seis páginas cada. Formato 16cm x 24,5cm, ampliado em artes de 20cm x 27,5cm para ser reduzido na impressão. Desenho, finalização, balões e letras manuais. Aplicação de tons de cinza via aguada de nanquim, retícula, grafite e marcadores. Mínima intervenção digital na arte. Delimitada essa zona de atuação, esbocei um arco narrativo simples sobre a aventura de um policial galáctico num planeta árido dominado por monstros e me sentei à prancheta.
O trabalho havia começado…